“Entre 2013 e 2014 eu já tinha visto slacklines de iniciação em alguns parque. Na verdade isso não atraiu muito, não entendia o interesse de atravessar uma cinta de 10 metros, fixa entre duas árvores.

Já em 2015 , pela primeira vez, vi alguém a fazer trickline. Soube imediatamente que aquilo seria algo que iria gostar de fazer e acabara de perceber que slackline não era apenas atravessar pequenas fitas, mas um universo pleno de diversão.

Foi então que comprei o meu primeiro slackline e comecei a tentar vários truques. Entretanto conheci alguns slackliners, com quem fui aos primeiros festivais e fins de semana de slack. Torná-mo-nos mais do que amigos e para mim hoje são uma segunda família, a família do slackline.”

” O slackline alterou muito o meu dia a dia. Sempre que eu tinha tempo livre, eu corria para encontrar amigos e treinar. Passava a maior parte dos meus fins de semana em festivais ao ar livre, e a maior parte das minhas viagens de férias a fazer slackline.

Tornou-se um verdadeiro vicio!”

“Sem dúvida, eu sempre preferi o trickline. Para mim é uma forma de expressão. Cada um tem encontra o seu estilo. Quando eu pratico o trick, eu esqueço tudo, estou no meu mundo, meu mundo. Eu posso fazer o que quiser e como eu quero. É um jogo infinito, há sempre novas possibilidades,  nunca ficas entediado.
Depois desenvolvi  uma paixão pelo highline, mais próximo da “natureza” e mais calmo. O highline permite que vás a lugares bonitos e que os aproveites de uma maneira única.”

“Sim, eu era ginasta na infância e depois ensinei acrobática. Ajudou-me muito a entender os movimentos do trickline. Estou muito familiarizada com a biomecânica acrobática e tenho uma boa noção de corpo e espaço. Isso também me ajudou a adquirir a disciplona que um bom trickliner deve ter. Na verdade, para fazer manobras bonitas, tens que repeti-las milhares de vezes.

Mas eu acho que não é essencial ter background de outros desportos. O único elemento essencial é a paixão, porque é ela quem nos impulsiona a fazer tudo, uma e outra vez, sempre com tanto prazer.”

“O slackline, em geral, começa a ser mais e mais praticado pelas mulheres, é essencialmente no trickline que se encontram menos mulheres. Em primeiro lugar, penso que o fato de quase só se ver homens nas competições assusta as mulheres, e elas não ousam participar.

É verdade que o nível das mulheres é tecnicamente inferior ao dos homens, mas isso é verdade em quase todos os desportos. No entanto, não considero que seja motivo para ter medo de participar. Aliás, o estilo artístico das mulheres é muitas vezes muito mais bonito que o dos homens. Além disso, com o aumento do número de meninas a praticar, categorias por género poderão ser criadas nas competições, o que vai ajudar muito a que estas possam progredir de forma mais rápida.

Existe também o problema de que algumas competições condicionam a participação de mulheres, como as Redbull airlines, sob o pretexto de que o nível é mais baixo. Isso tem mudar completamente, porque elas devem ter espaço nesse tipo de evento para mostrar que este desporto é misto.

Finalmente, algumas melhorias nos setups das competições permitiriam que mais garotas participassem, pois por agora as linhas são sempre muito altas e muito tensas. É preciso lembrar que as mulheres normalmente têm alturas e pesos inferiores aos dos homens. Isso torna tudo muito mais difícil e até mesmo perigoso para elas (nós não pediríamos às mulheres hoje para esquiar com grandes esquis masculinos ou parapente com velas muito grandes para elas).”